MAÇONARIA E POLÍTICA OS NOVOS RUMOS NA ERA MODERNA
- AஃRஃLஃSஃ NACIONAL REPUBLICANA ÚNICA 2632
- 19 de dez. de 2018
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Atualizado: 5 de mai. de 2022

Com a transformação da Maçonaria operativa em Maçonaria dos aceitos (ou especulativa), os maçons deixavam de ser construtores no sentido literal da palavra, tornando-se construtores sociais.
Foi com o prestígio dado por pessoas influentes no Poder e pelos intelectuais, que, vendo, nas Lojas, um centro de liberdade de pensamento e de expressão, nelas ingressavam, trazendo a sua contribuição científica.
Além disso, como parte de sua faceta esotérica – ou seja: aquilo que é reservado apenas aos iniciados – as Lojas foram admitindo as contribuições de diversas correntes místicas, ou sistemas filosóficos, trazidos por seus praticantes.
Surgiram, assim, na Maçonaria dos aceitos, a partir da segunda metade do século XVIII, conceitos místicos e metafísicos desconhecidos dos maçons operativos.
Foi nessa época, portanto, que se fez sentir, na Maçonaria, a presença de conceitos e símbolos das antigas civilizações, da astrologia, da alquimia, da cabala hebraica e do rosacrucianismo.
Todas essas influências contribuíram para que fosse armado o conteúdo maçônico, dentro de um continente já existente desde a época da Franco-Maçonaria de ofício, não só no tocante à decoração dos templos, mas, também, no que se refere à linguagem figurada, anagógica, simbólica com que a Maçonaria moderna transmite os seus ensinamentos morais e éticos.
DEFINIÇÃO E PRINCÍPIOS
A definição mais aceita e mais divulgada da Maçonaria – presente, com pequenas alterações, nas Constituições das Obediências – é a seguinte:
_A Maçonaria é uma instituição essencialmente iniciática, filosófica, filantrópica, progressista e evolucionista.
Proclama a prevalência do espírito sobre a matéria.
Pugna pelo aperfeiçoamento moral, intelectual e social da humanidade, por meio do cumprimento inflexível do dever, da prática desinteressada da beneficência e da investigação constante da verdade.
Suas finalidades supremas são: Liberdade, Igualdade e Fraternidade.
Quanto aos princípios gerais da instituição maçônica, eles se alinham da seguinte maneira:
1. A Maçonaria sustenta a crença no Grande Arquiteto do Universo;
2. Condena a exploração do homem, os privilégios e as regalias, enaltecendo, porém, o mérito da inteligência e da virtude, bem como o valor demonstrado na prestação de serviços à Ordem, à Pátria e à Humanidade;
3. Afirma que o sectarismo político, religioso, ou racial, é incompatível com a universalidade do espírito maçônico;
4. Combate a superstição, a ignorância e a tirania;
5. Proclama que os homens são livres e iguais em direitos e que a tolerância constitui o princípio máximo nas relações humanas, para que sejam respeitadas as convicções e a dignidade de cada um;
6. Defende a plena liberdade de expressão do pensamento, como direito fundamental do ser humano, admitida a correlata responsabilidade;
7. Considera irmãos todos os maçons, quaisquer que sejam suas raças, nacionalidades, crenças ou convicções;
8. Reconhece o trabalho como dever social e direito inalienável; julga-o dignificante e nobre sob qualquer forma;
9. Sustenta que os maçons têm os seguintes deveres fundamentais: amor à família, obediência à lei e fidelidade e devotamento à Pátria;
10. Recomenda a divulgação de sua doutrina pelo exemplo e pela palavra, combatendo, terminantemente, qualquer recurso à força e à violência, para conseguir qualquer desses objetivos.
Entretanto, sem prejuízo de suas finalidades educativas e filantrópicas, a Maçonaria é, na realidade, uma instituição político-social, atuando dentro de padrões éticos, consubstanciados na essência sociológica da política, no sentido da manutenção das grandes conquistas sociais da humanidade e da defesa das ideias libertárias.
As grandes transformações sociais da humanidade, desde o século XVII, as quais, em maior ou menor escala, contaram com a participação subterrânea da Maçonaria, demonstram as finalidades político-sociais que determinaram a sua evolução e crescimento.
Apesar disso, algumas Obediências maçônicas, negando, à política, um lugar de destaque na evolução social dos povos, rejeitam qualquer escopo político nas atividades maçônicas, quando o que deve ser rejeitado é o sectarismo político, assim como o religioso.
Essa rejeição, anacrônica, ignora o progresso racional e nega o espírito crítico do homem.
A Política, como um ramo das Ciências Sociais, estuda as diversas formas do poder político, bem como sua dinâmica, suas instituições e seus objetivos, mostrando íntima relação com outros ramos da ciência, como a História, a Sociologia, a Filosofia e a Economia.
Assim, nenhum homem esclarecido pode se mostrar indiferente à atividade política, assim como nenhuma instituição de cunho social pode pretender proibir debates em torno da política – em seu sentido social amplo e não sectário, ou partidário – já que todas as Constituições, que regem a vida de povos livres, consideram a liberdade de pensamento e de expressão como um direito inalienável do cidadão.
José Castellani
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